Lula demite presidente da Caixa, Rita Serrano e cede ao Centrão, que indica Carlos Fernandes
Rita Serrano é a terceira mulher alvo das substituições do presidente Lula para ampliar apoio do governo. Novo presidente é ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta-feira (25) a troca de comando da Caixa Econômica Federal, um dos principais bancos públicos do país. Sai a economista Rita Serrano, funcionária de carreira da instituição, e entra o também economista Carlos Vieira Fernandes, indicado pelo bloco de partidos conhecido como Centrão.
A mudança faz parte da estratégia do governo Lula de ampliar sua base de apoio no Congresso Nacional, onde enfrenta dificuldades para aprovar projetos de seu interesse. O Centrão é formado por siglas que não têm uma identidade ideológica definida, mas que costumam negociar cargos e verbas em troca de votos.
A saída de Rita Serrano foi comunicada a ela pelo próprio Lula, em uma reunião no Palácio do Planalto, no fim da manhã. Ela estava à frente da Caixa desde janeiro deste ano, quando assumiu o cargo após a eleição do petista. Antes, ela havia sido conselheira do banco por quatro anos.
Em nota, o Planalto confirmou a nomeação de Carlos Vieira Fernandes e agradeceu o trabalho de Rita Serrano. O novo presidente da Caixa é servidor do banco desde 2001 e já ocupou diversos cargos de direção na instituição e em órgãos públicos ligados ao governo federal.
Entre 2016 e 2019, ele foi diretor da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa. Antes, ele foi secretário-executivo dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Nessas funções, ele teve contato com parlamentares do Centrão, que comandavam as pastas.
A indicação de Fernandes para a presidência da Caixa teve o aval do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do Centrão e aliado de Lula. Segundo fontes do Planalto, Lira também participou das negociações para definir os nomes das vice-presidências do banco, que devem ser anunciados nos próximos dias.
A troca na Caixa era esperada há meses pelos partidos do Centrão, que já haviam conseguido indicar apadrinhados para outros órgãos públicos, como os Correios e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A pressão aumentou em julho deste ano, quando Lula enfrentou uma crise política com o seu vice-presidente Ciro Gomes (PDT), que ameaçou romper com o governo.
Com a mudança na Caixa, Lula espera garantir o apoio do Centrão para aprovar medidas econômicas e sociais que considera prioritárias para sua gestão. Entre elas, estão a reforma tributária, o aumento do salário mínimo e a ampliação do programa Bolsa Família.
Alô Valparaíso/* Com as informações da Agência Brasil/Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil