Idosos são mais de 60% das vítimas fatais de covid-19 no DF
Mesmo com uma alta cobertura de vacinação nessa idade (96%), a população mais velha da ainda representa um grupo mais vulnerável em relação a covid-19
Idosos são os que mais morrem de covid-19 no Distrito Federal. Desde o inicio da pandemia, dos 11.708 óbitos registrados, 20,6% (2.415) é de moradores com 80 anos ou mais; 21,3% (2.499), tinha entre 70 e 79 anos; e 20,8% (2.435), entre 60 e 69 anos. Neste ano, dos 474 óbitos ocorridos entre janeiro e maio na capital do país, 345 (72,8%) eram de pessoas não vacinadas ou com esquema de imunização incompleto. Entre as vítimas que estavam com todas as doses em dia (129), 85,3% apresentavam pelo menos uma comorbidade e média de idade de 79 anos, segundo a Secretaria de Saúde.
Apesar de a maioria dos casos e de não vacinados (35%) serem de pessoas com idades entre 20 e 49 anos, com 482,8 mil infectados, a taxa de letalidade nesse grupo não passa de 0,7%. Já entre a população a partir de 60 anos, o índice chega a 19,5%, no público com 80 anos. Mesmo com uma alta cobertura de vacinação nessa idade (96%), a população mais velha da ainda representa um grupo mais vulnerável em relação a covid-19, em especial, aqueles que têm alguma comorbidade, fator que se mostra presente na maioria dos óbitos notificados pela pasta da saúde. Pessoas com alguma doença representam 84,9% (9.942) das mortes por infecção pelo novo coronavírus. Atualmente, a campanha de imunização aplica a quarta dose para pessoas com 40 anos ou mais.
O momento é de alerta e cuidado. Segundo o infectologista e especialista em medicina tropical Dalcy Alburquerque, há motivo para preocupação, mesmo que o número de óbitos por dia não seja elevado. “É sempre uma doença, e existe sempre o risco com relação a essa complicação. O que a gente tem visto de uma forma geral é que as pessoas que estão complicando e morrendo são pacientes com as tradicionais comorbidades. Quer dizer, é que a covid-19 ou qualquer outra infecção ou qualquer outra doença poderia desencadear um quadro grave e o óbito, além dos não vacinados ou de pessoas com esquema incompleto”, destaca o médico.
Comorbidades
Entre os tipos de comorbidades com maior incidência nas pessoas que morreram de covid-19, estão a cardiopatia, com 7.257, o que representa 73%; seguido por distúrbio metabólico (4.373; 44%); obesidade (1.779 ; 17,9%); e pneumopatia (1.316; 13,2%). Cada indivíduo pode ter mais de uma comorbidade, o que pode agravar o quadro de saúde dos pacientes.
Entre outros fatores, Dalcy Alburquerque atribuiu ao grande número de doentes observados nas últimas semanas o fim de protocolos restritivos e a época do ano. “Foram eliminadas praticamente todas as medidas preventivas, individuais e coletivas, sejam o uso de máscara, seja evitar aproximação das pessoas, aglomerações e tudo mais. Isso naturalmente provocaria um aumento de casos, além de uma sazonalidade, quer dizer, doenças respiratórias tradicionalmente aumentam nesse período mais frio”, completa o médico. Para o infectologista, ainda é necessário os cuidados individuais, como evitar locais cheios e ambientes fechados e manter o uso de máscara.
Preocupação
A taxa de transmissão (Rt) vem recuando, no entanto, o índice continua perigoso, 1,72 — quando um grupo de 100 pessoas passa a doença para outras 172. O pesquisador do Centro Universitário Iesb e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento Breno Adaid avalia que o grande número de casos registrados é assustador. “O Rt continua alto e, mesmo sinalizando queda, enquanto permanecer acima de 1, as infecções vão continuar subindo. Muitas ocorrências ao mesmo tempo podem significar dificuldades de atendimento na rede de saúde. A proporção de mortes com essa sublinhagem somada à vacinação é mais baixa entre todas as ondas, mas, com números tão grandes, o valor absoluto de mortes sempre preocupa”, alerta Breno. Ontem, o DF registrou 7.062 diagnósticos positivos para a covid-19, totalizando 766.392 infecções, e quatro óbitos.
Em nota, a SES-DF, garante que as campanhas desenvolvidas pela pasta buscam a conscientização da população para o cuidado individual pelo bem coletivo. “Nestes dois anos de combate à pandemia, a Saúde atua também, de forma educativa, para a mudança de hábitos culturais da população, orientando a adoção de medidas não farmacológicas, como a etiqueta respiratória no caso de a pessoa estar com sintomas de covid e frequentar aglomerações”, detalha.
A pasta ressalta que os chamamentos para a população completar o esquema vacinal continuarão a ser feitos. “Apesar da menor letalidade, a variante ômicron é uma cepa mais contagiosa, e, considerando, um cenário em que grande parte da população se encontra com o esquema vacinal incompleto e ainda uma parte significativa não foi imunizada ou não adquiriu covid-19, o esforço da SES é que as pessoas busquem a proteção oferecida pela vacina”, reforça.
Alô Valparaíso/*Com as informações de Correio Braziliense