Heineken cria programa que dá descontos de até 20% na conta de luz: veja como participar
Iniciativa começa em oito estados e tem a projeção de cobertura nacional até 2023
A cervejaria Heineken colocou em operação a terceira fase de seu “Programa Energia Verde”, que busca ampliar o acesso de pessoas e negócios à energia elétrica mais sustentável. A nova etapa prevê descontos de até 20% para consumidores pessoas físicas na conta de luz.
O programa começou em 2020 com a conversão de três cervejarias da marca para operações “100% verdes”, nas unidades de Alagoinhas (BA), Araraquara (SP) e Ponta Grossa (PR). Em 2023 será a vez da fábrica de Jacareí (SP).
Em 2021, na segunda fase da iniciativa, bares e restaurantes parceiros da empresa começaram a ter acesso a 100 MW de geração de energia solar e eólica. A meta é alcançar 50% dos pontos de vendas, em 19 capitais, até 2030.
Para participar, os estabelecimentos parceiros não precisam de nenhuma adaptação, somente fazer um cadastro na plataforma digital da empresa, chamada “Heineken Energia Verde”.
Agora, nesta terceira fase, o escopo foi ampliado aos consumidores pessoas físicas, que poderão aderir ao projeto para economizar energia em suas residências de forma 100% gratuita.
Veja, abaixo, como funciona o programa:
1. Como funciona o projeto?
O projeto prevê a possibilidade de os consumidores conseguirem economizar até 20% do valor da conta de luz mensalmente. A participação é completamente gratuita, e sem a necessidade de qualquer alteração física na residência do participante.
“A adesão ao programa efetivamente não terá custo em nenhum momento”, afirma Mauro Homem, vice-Presidente de sustentabilidade do grupo Heineken no Brasil.
Ao se inscrever, o consumidor ganha um desconto na conta de luz permanente — enquanto o programa estiver em vigor.
Além disso, não há fidelização por parte do consumidor, que tem liberdade sem ônus para desistir do projeto a qualquer momento.
O objetivo da empresa é oferecer uma cobertura nacional até o primeiro semestre de 2023, sem limite de consumidores no projeto.
“Queremos o maior número de adesões possível. Não temos uma meta fechada, mas acreditamos que a adesão será alta, no momento em que as pessoas entenderem o benefício de utilizar energia limpa em casa”, explica Homem.
2. Como o desconto é possível?
O desconto é possível graças a uma compensação energética feita pelos agentes do projeto. “Um crédito de energia é gerado na fatura da distribuidora, reduzindo o boleto somente ao custo da taxa de iluminação pública e o custo de utilização da infraestrutura do sistema para levar a energia contratada”, explica o executivo da cervejaria.
Um crédito de energia é a forma encontrada para realizar a compensação entre uma unidade geradora e uma unidade consumidora. A energia excedente de parceiras de produção de energia solar e eólica viram créditos energéticos que são revertidos em desconto na fatura do consumidor.
Por exemplo, considere que uma pessoa aderiu a um sistema de energia solar em sua casa. Ele basicamente converte os raios solares em energia elétrica. Em momentos em que o consumo é maior ou sem sol, como na parte da noite, quem fornece a energia é a distribuidora de energia.
Se a casa da pessoa gerar mais energia que o consumo dela, esse excedente vai para a rede elétrica que abastece a região onde essa pessoa mora. E vira crédito energético, que é revertido em desconto na fatura. Dessa maneira, ao final de cada mês, o consumidor paga um valor pelo consumo que teve da companhia distribuidora, reduzido da parcela produzida pelo seu sistema de energia solar.
O projeto da Heineken funciona dessa maneira, mas em vez de as pessoas precisarem ter o sistema de energia solar em casa, a empresa fechou uma parceria com uma empresa geradora de energias renováveis com certificação, que gera esses créditos e repassam ao consumidor.
“Essas empresas geradoras operam com usinas de geração solar, pequenas centrais de geração hídrica e biogás. Elas entregam a energia verde à concessionária/distribuidora local, informando quais são as contas onde ela deve ser creditada. Quando a concessionária distribuidora recebe uma energia de uma empresa geradora, ela reduz a necessidade de obter energia de fontes tradicionais”, explica Homem.
Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a composição das contas de energia tradicionais são: contribuição de iluminação pública (CIP), taxa de disponibilidade (remunera basicamente a infraestrutura), e consumo de energia (que é de fato o que é consumido pelos moradores de uma casa, por exemplo).
O usuário participante do projeto receberá dois boletos: o primeiro da concessionária/distribuidora, contendo CIP, taxa de disponibilidade e o consumo reduzido — que pagará normalmente e já com o desconto previsto. E um segundo boleto do gerador com a energia mais barata, demonstrando quanto economizou.
3. Quem pode participar do projeto?
O principal critério é o valor que a pessoa paga hoje na conta de luz: qualquer pessoa que comprove que tenha um valor médio mensal de, no mínimo, R$ 200 em sua conta de energia é elegível a participar da iniciativa.
O projeto, porém, não opera em todas as regiões do país. Nestes primeiros meses, apenas os moradores dos estados de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Goiás, e São Paulo já conseguem solicitar a adesão ao programa.
“Para os demais estados, estamos trabalhando para atender a demanda, sendo a previsão entre o segundo semestre de 2022 e primeiro semestre de 2023”, diz o executivo.
4. Como participar do projeto?
A participação no Programa Heineken Energia Verde é feita por meio de um cadastro online.
Basta acessar a plataforma Heineken Energia Verde com CNH ou RG/CPF do titular da conta de energia e cópia ou foto da conta de energia.
A participação é gratuita, sem pagamento de taxas ou qualquer tipo de instalação. Para ter acesso ao benefício, o usuário precisa seguir os critérios mencionados.
“Após a adesão, o prazo estipulado para a conversão e fornecimento de energia verde é de até 120 dias”, afirma o executivo.
5. Há um contrato de adesão do desconto?
Sim. Ao se inscrever no projeto, o consumidor tem acesso a um contrato de adesão, que possui um percentual mínimo de desconto já determinado conforme seu uso de energia.
“O desconto pode variar por uma série de questões, que possibilitam aumento desse percentual, embora nunca seja menor do que o pactuado em contrato”, diz Homem.
Assim, por exemplo, o consumidor vai saber que tem desconto de 7% todo mês, mas poderá receber um desconto maior em algum momento durante o ano.
“A influência na variação vem das bandeiras vigentes. Quanto maior o custo da bandeira, maior o desconto oferecido. Outro ponto que influencia são os impostos regionais”, explica o executivo.
Além disso, há variação por região do país por diversos motivos.
“Se a implantação da usina de geração teve incentivos fiscais, custo do CapEx (infraestrutura) e taxa de retorno do investimento esperada pelo investidor, tarifa de energia atual (varia de região para região), incentivos fiscais para energia limpa (ICMS, por exemplo) e sua incidência, entre outros pontos, podem influenciar”, afirma.
O executivo explica que o projeto tem “um mecanismo [de cobrança] para cada região”, e que “todo potencial cliente que se cadastra na plataforma pode receber um atendimento personalizado, explicando detalhadamente o funcionamento e os custos de acordo com sua região”.
Esse contrato dura um ano e é renovado automaticamente. A empresa ressalta que não há fidelidade, e a qualquer momento o cliente pode solicitar a rescisão.
6. Quem ganha com o projeto?
A Heineken afirma que não vai embolsar nenhum dinheiro a partir desse projeto.
“Entendemos que esse projeto da marca Heineken é fundamental para que o grupo atinja suas novas metas de sustentabilidade, entre elas, a neutralidade em emissões de carbono em toda a cadeia de valor, até 2040”, afirma Homem.
Na prática, o ganho da Heineken é se posicionar como uma empresa amigável ao meio ambiente.
Considerando a participação da distribuidora de energia, a empresa segue recebendo mensalmente os valores pagos pelo consumidor que aderir ao projeto — via boleto — incluindo os custos de iluminação e de utilização da infraestrutura. Nem a Heineken, nem as empresas de geração de energia pagam valores para as distribuidoras.
A Heineken não detalhou como a geradora de energia renovável ganha com a parceria, mas ressaltou que ela “tem sua rentabilidade, mesmo oferecendo energia com economia”.
A empresa não compartilhou o nome da parceira geradora de energia, por enquanto. “Primeiro, vamos abrir caminho [com o projeto] e em próximas etapas vamos divulgar a empresa parceira”, explicou o executivo.
7. Esse formato de fornecimento de energia é novo?
Essa compensação de energia verde já existe em vários estados norte-americanos, países europeus, Austrália, dentre outros. “Por lá, as pessoas possuem livre escolha para adquirir a geração de energia há muitos anos. E, na América Latina, o Brasil está despontando nessa iniciativa”, diz Homem.
8. Há um limite no fornecimento de energia no projeto?
Por parte das concessionárias, não existe um limite de capacidade de fornecimento de energia verde. A geração de energia verde é de responsabilidade dos nossos geradores, que são empresas de grande capacidade financeira e desenvolvimento de projetos de energia.
9. As distribuidoras podem não querer participar do projeto?
As distribuidoras são empresas que receberam a concessão de operação dos estados brasileiros para operar e manter os ativos de distribuição de energia das regiões, bem como garantir o acesso à energia pelos consumidores. Elas não podem negar projetos de energia sustentável, desde que os mesmos estejam dentro dos padrões técnicos e requisitos previstos nas regulamentações.
“Não é uma opção das distribuidoras participar ou não do projeto. Existe uma regulamentação específica para este novo modelo de negócio e, a partir do momento que existe energia sustentável disponível e conectada no sistema da distribuidora da região, não há problemas ou limitações”, explica Homem.
“Sendo assim, o modelo é viável em todas as regiões do país, porém o crescimento da oferta se dá a partir da construção de novas usinas de geração de energia renovável e que estejam enquadradas na legislação específica”, acrescenta.
O conceito de geração distribuída no Brasil iniciou em 2012 através da Revisão de Resolução Normativa (REN), n° 482.
Em 2015, através da REN n°687 houve uma evolução do modelo, quando foi especificada a geração distribuída compartilhada. Recentemente, a Lei federal n°14.300, de janeiro de 2022, instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, que possibilita o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS) — o que permite a operação do projeto da Heineken, por exemplo.
10. Quais as concessionárias/distribuidoras participantes do projeto até agora?
Por ora, o projeto conta com a participação de 10 concessionárias/distribuidoras que participam dessa prestação de serviço aos consumidores que vão aderir ao projeto. Conforme o projeto for se expandindo, mais companhias podem entrar.
São elas:
Estado | Distribuidora | Atendimento PF |
DF | CEB-DIS | x |
GO | ENEL GO | x |
MG | CEMIG-D | x |
MG | ENERGISA SUL SUDESTE | x |
PR | COPEL-D | x |
PR | ENERGISA SUL SUDESTE | x |
RS | RGE | x |
SC | CELESC-D | x |
SP | CPFL PAULISTA | x |
SP | ENERGISA SUL SUDESTE | x |
Alô Valparaíso/*Com as informações de assessoria