Janeiro Roxo alerta importância de informar sobre a hanseníase
Transmissão ocorre pelas vias aéreas. Doença tem cura se o tratamento for feito corretamente
O primeiro mês do ano é marcado pela campanha Janeiro Roxo, para conscientizar e informar a população sobre a hanseníase. “A doença é muitas vezes negligenciada e estigmatizada pela sociedade. Por isso, o objetivo da campanha é desenvolver ações de conscientização. E chamar atenção para os sinais e sintomas da hanseníase, a prevenção e o tratamento”, explica a enfermeira e referência técnica da Hanseníase na Gerência de Apoio à Saúde da Família, Francisca Lumara Vaz.
Todos os anos, o Brasil registra 30 mil novos casos da doença, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A classificação coloca o país em segundo lugar no ranking mundial em relação ao número de casos, superado apenas pela Índia.
“Estamos trabalhando para aumentar, ainda mais, a sensibilização entre os profissionais, na rotina das unidades de saúde, para a busca ativa e investigação dos casos com sinais e sintomas suspeitos, bem como os exames dos contatos de convivência domiciliar”, enfatiza a RTD.
Diagnóstico
Os principais sinais e sintomas da hanseníase são: sensação de formigamento, fisgadas ou dormência ao longo dos nervos dos braços e pernas; manchas brancas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele com quedas de pelos, especialmente nas sobrancelhas; áreas da pele muito ressecadas e com ausência de suor; nódulos (caroços) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos; diminuição da força muscular dos pés e mãos com dificuldade para segurar objetos.
Segundo a referência técnica da Hanseníase da Secretaria de Saúde, em alguns casos, a doença pode ocorrer sem manchas, apenas com inflamação de nervos. “É necessário enfatizar, para a população, a importância do diagnóstico precoce, que pode evitar a ocorrência de sequelas que levam até a incapacidades físicas”, destaca.
O diagnóstico é realizado por meio do exame da pele e dos nervos para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas. A maioria dos casos pode ser confirmado no nível da Atenção Primária à Saúde, nas unidades básicas de saúde (UBS).
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que ataca, principalmente, a pele e os nervos. A transmissão ocorre pelo contato próximo e frequente, pelas vias aéreas (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro) de pacientes sem tratamento. Por isso que toda vez que é diagnosticado um caso de hanseníase devem ser avaliadas também as pessoas que residem com o infectado.
Cura
O tratamento da hanseníase é realizado de forma gratuita no âmbito do SUS, estando disponíveis nas UBSs e nos serviços ambulatoriais de referência. Além disso, é realizado por meio de esquemas terapêuticos padrões com a associação de três medicamentos padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença, podendo ser em seis ou doze meses.
“Se o tratamento é realizado de forma completa e correta no prazo estipulado, o paciente alcança a cura e a cadeia de transmissão é interrompida, o que impede que outras pessoas sejam infectadas”, afirma Francisca Lumara Vaz.
Quem suspeitar de estar com a doença deve procurar atendimento na Atenção Primária, na UBS de referência de casa. Cabe à Atenção Primária o acolhimento do paciente para a investigação e diagnóstico do caso suspeito, o início e acompanhamento do tratamento. Nas situações com dificuldades de definição diagnóstica ou que exigem exames complementares de maior complexidade, os pacientes são encaminhados para os serviços ambulatoriais de referência.
Alô Valparaíso/* Com as informações da Agência Brasília/Foto: Divulgação Agência Brasília