ONG que usava venda de canabidiol para disfarçar tráfico de drogas é alvo de operação policial no DF
Operação da Polícia Civil apreendeu maconha, dinheiro e bloqueou contas bancárias de associação que oferecia tratamento terapêutico sem licença
Uma organização não governamental (ONG) que usava venda de canabidiol para mascarar tráfico de drogas foi alvo de uma operação da Polícia Civil do DF (PCDF) na manhã desta terça-feira (22). Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Lago Norte e em São Sebastião, além de prisões em flagrante de chefes da associação e o bloqueio de contas bancárias para desarticular o grupo criminoso envolvido com o comércio ilegal de maconha.
De acordo com a 9ª Delegacia de Polícia, as provas colhidas durante a investigação mostram que a associação de ajuda comunitária supostamente oferecia tratamentos terapêuticos com o uso de óleo de canabidiol. Os criminosos faziam as ofertas da droga abertamente em redes sociais, além de realizar atendimentos por um aplicativo de mensagens.
A plantação da maconha e o laboratório para produção da droga ficava na chácara de um dos líderes da organização criminosa. Segundo a polícia, o entorpecente era vendido sem qualquer controle ou supervisão médica, sendo que a associação não tinha nenhuma licença para manipulação de maconha, tampouco qualquer autorização para fabricação e distribuição de canabidiol. A suposta “terapia” era ofertada a altos custos.
Além de não ter licença, outro ponto levantado pela investigação mostra que a própria sede indicada no estatuto da ONG não existia, tratando-se de uma fachada para a revenda da maconha sob uma camuflagem de terapia. “O canabidiol é uma substância que possui efeitos terapêuticos cientificamente comprovados, inclusive já havendo chancela do Judiciário para seu uso. Contudo, não se pode confundir o canabidiol com o THC, bem como iniciarem-se plantações caseiras desautorizadas e exploração comercial lucrativa da substância. Isso não é terapia. É tráfico de drogas camuflado”, afirmou o delegado-chefe da 9ª DP, Erick Sallum.
De acordo com a PCDF, os dois líderes presos em flagrante possuíam antecedentes por tráfico de drogas e viram na nova empreitada uma forma de manter a atividade sob um véu de “legalidade”. Um dos envolvidos chegou a solicitar um habeas corpus preventivo, na tentativa de impedir a entrada da polícia em sua residência e induzir o Judiciário ao erro, alegando o uso da droga para tratamento pessoal. No entanto, o pedido foi negado pela 2ª Vara de Entorpecentes, que percebeu a fraude.
Os investigados na operação Quantum Stealh foram indiciados pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 35 anos de reclusão. A polícia ressalta que o tráfico de drogas é considerado um crime hediondo, com regime de progressão de pena rigoroso e regime inicial fechado.
Alô Valparaíso/* Com as informações do Correio Braziliense/Foto: PCDF/Divulgação