Parlamentares criticam governo por não apoiar projeto que classifica facções como terrorismo
Gleisi Hoffmann diz que governo é ‘terminantemente contra’ a proposta; oposição acusa Planalto de proteger criminosos
Parlamentares de oposição têm criticado a posição do governo federal de ser contra o projeto de lei em discussão na Câmara dos Deputados que equipara facções criminosas ao terrorismo. Na avaliação dos congressistas, o governo ignora a crise da segurança pública e se recusa a reconhecer o crime organizado como uma forma de terror que ameaça a sociedade civil.
Nesta quarta-feira (5), a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou em entrevista que o governo é “terminantemente contra” a proposta.
“O terrorismo tem objetivo político e ideológico e, pela legislação internacional, dá guarida para que outros países possam fazer intervenção no nosso país. Nós não concordamos com isso”, disse Gleisi, ao justificar o posicionamento do Executivo.
A declaração provocou forte reação entre parlamentares do PL e de partidos do bloco de oposição. O deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) afirmou que o governo “trabalha em defesa da bandidagem” e acusou o PT de ser “o partido dos traficantes”.
“A titia dos traficantes, a ministra Gleisi, do governo Lula, anunciou que vai lutar para não equiparar o crime organizado ao terrorismo. O governo Lula continua trabalhando na defesa da bandidagem do nosso país”, reclamou o deputado.
“Por que Lula e o PT não querem equiparar o crime organizado ao terrorismo? Há tantas matérias importantes com as quais o governo deve se preocupar, mas o governo está preocupado em trabalhar, em fazer lobby para que o Congresso Nacional não aprove a proposta de equiparação do crime organizado ao terrorismo”, acrescentou Gonçalves.
O deputado General Girão (PL-RN) reforçou as críticas e disse que o Brasil vive um “momento sensível” na área da segurança pública. Segundo ele, há atualmente 84 facções criminosas identificadas no país, número que “pode ser ainda maior”.
“O governo insiste em não classificar como terroristas, em não colocar no devido lugar, que é a cadeia sem direito a benefício algum, ou debaixo de sete palmos”, afirmou.
Na mesma linha, o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) declarou ser “incompreensível” a resistência do governo em reconhecer as facções como organizações terroristas.
“O mundo inteiro considera terror aquilo que ofende, avilta e ataca a sociedade civil. Não é a intencionalidade do crime, mas o objeto, o fato, a letalidade e a ofensividade com que isso se dá sobre a sociedade civil. As milícias e o narcotráfico no Rio de Janeiro são crimes de terror e assim devem ser classificados”, defendeu.
Lopes também argumentou que o reconhecimento dessas organizações como terroristas permitiria maior cooperação internacional no combate ao crime.
“Só assim o mundo inteiro poderá colaborar conosco. Não apenas os Estados Unidos, mas todas as polícias modernas do mundo deverão estar unidas nos serviços financeiros internacionais para combater essas quadrilhas, bloquear seus bens e recuperar essas áreas”, avaliou.
“Esta não é apenas uma guerra de armas, mas uma guerra de acessos. É uma guerra financeira que precisa ser empreendida pelo Estado brasileiro” completou o parlamentar.
“Governo está ausente no combate ao crime”
O deputado Filipe Barros (PL-PR) lembrou que a Comissão de Relações Exteriores convocou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para uma audiência na terça-feira, mas ele não compareceu.
Segundo o deputado, “seria uma excelente oportunidade para que o ministro explicasse ao povo brasileiro os motivos pelos quais o governo se recusa a considerar essas organizações criminosas como facções terroristas, como de fato o são”.
“Essa ausência do ministro Lewandowski é, além de tudo, reveladora, porque é mais uma prova de que o governo Lula não só está ausente na pessoa do ministro Ricardo Lewandowski, mas também se faz ausente na pauta da segurança pública”, criticou.
No Senado, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) também reagiu, classificando as facções criminosas como “grupos terroristas”.
“Eles colocam o cidadão de bem em risco. A vida do cidadão de bem está constantemente em risco. É refém desse bandido nas próprias comunidades. Sempre que o cidadão sofre com essa violência, isso caracteriza o terrorismo”, disse.
Alô Valparaíso/* Com as informações do R7 | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil


