
Saúde mental é a principal preocupação para mais de metade dos brasileiros
Dia Mundial da Saúde Mental reforça debate sobre estrutura de atendimento e percepção da população
Nesta sexta-feira, 10 de outubro, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental. A data tem como objetivo ampliar a conscientização sobre o tema, que passou a ocupar lugar central nas preocupações da população brasileira nos últimos anos. Casos como o de Mariana, servidora pública de 34 anos, ilustram esse cenário. Após o retorno ao trabalho presencial, ela desenvolveu crises de ansiedade que evoluíram para episódios de pânico e ideação suicida. Desde então, realiza sessões semanais de psicoterapia.
Segundo pesquisa da Ipsos Health Service, 52% dos brasileiros consideram o bem-estar psicológico sua principal preocupação em relação à saúde. O levantamento, realizado em 30 países, mostra que o Brasil está acima da média global, que é de 45%. O estudo também aponta que a percepção sobre a saúde mental como problema cresceu 18 pontos percentuais desde 2018, sendo atribuída, em parte, aos efeitos da pandemia de Covid-19.
A pesquisa revela ainda que 59% dos entrevistados passaram por situações de estresse intenso em 2024. Para a psicóloga Denise Milk, o aumento na procura por atendimento psicológico está relacionado às mudanças nas relações de trabalho e à revisão do conceito de produtividade. Segundo ela, o público feminino é maioria nos atendimentos, enquanto os homens ainda enfrentam barreiras culturais que dificultam a busca por ajuda.
Denise observa que os desafios variam conforme a faixa etária. Jovens demonstram maior consciência sobre a importância da saúde mental, mas enfrentam insegurança profissional. Já adultos mais experientes lidam com dificuldades de adaptação às novas formas de trabalho e à cultura digital. A profissional destaca que o ambiente profissional tem sido um dos principais fatores de pressão emocional.
Com o crescimento da demanda, a estrutura de atendimento também passou por expansão. Dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil contava, em 2024, com 3.019 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), número 65% maior que o registrado em 2014. No entanto, o ritmo de crescimento foi inferior ao da década anterior. O indicador nacional é de 1,13 CAPS por 100 mil habitantes, com variações regionais: 1,28 no Nordeste e 0,79 no Norte.
O Ministério da Saúde informou que a assistência psicológica é oferecida por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que inclui CAPS, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Prontos-Atendimentos e Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Entre 2023 e 2024, o orçamento da RAPS aumentou em R$ 650 milhões, totalizando R$ 2,25 bilhões. A pasta também investe em educação permanente para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), em parceria com instituições de ensino e pesquisa.
Apesar dos avanços, o ministério não respondeu se a atual quantidade de CAPS é suficiente para atender à demanda da população. O espaço para esclarecimentos permanece aberto. A data reforça a importância da estrutura pública de atendimento e da continuidade dos investimentos em saúde mental.
Alô Valparaíso/* Com as informações